Feito gente, feito fase.
Eu te amei, como pude.
Fui inteiro, fui metade.
Eu te amei, como pude.
Fui a faca e a ferida.
Eu te amei como pude.
Feito bicho que se espanta.
Eu te amei como pude.
Quando chegam a morte e a vida
Feito lixo que se queima.
Eu te amei como pude.
Feito chama quando arde.
Eu te amei como pude.
Fui capacho, já fui lama.
Eu te amei como pude.
Fui herói, fui covarde.
Eu te amei como pude.
Feito a dor que cedo ou tarde.
Eu te amei como pude.
Dói o corpo e dói a alma.
Feito água, feito vinho.
Eu te amei como pude.
Feito mágua, feito espinho.
Eu te amei como pude.
Fui um poço, pensamento.
Eu te amei como pude.
Fui a calma e a revolta.
Eu te amei como pude.
Fui a vela, fui o vento.
Eu te amei como pude.
A partida foi a volta.
Não Poderia começar essa postagem sem falar sobre essa canção maravilhosa de Walter Franco...O que a gente não faz por amor...se dividimos, multiplicamos, se traímos fazemos tudo o que podemos para agradar a pessoa amada........romantismo deixado de lado vamos falar sobre o "Maldito" Walter Franco.
Ouvindo a música "Eternamente" na rádio Universidade FM de Londrina ficou registrada na minha fita sony 60 min, juntamente com Sem a Letra A de Tom Zé, Poema de Ney Matogrosso e algumas outras...anos depois no trabalho...estava utilizando uma solução a base de éter e um amigo chega na assistência e começa a recitar a letra de "Eternamente"....e fico o resto da tarde a imaginar a viagem de Walter ao trabalhar a a disposição das palavras, esse trocadilho....e quase fico louco tentando encontrar o exato momento da idéia.....
Meses depois passando a hora do almoço no "Jardim Elétrico" ( Uma excelente loja de discos especializada em Rock e MPB que ficava ao lado de um bar) o proprietário Nilson Fakir me diz ..."Esse disco do Walter Franco é muito Foda....ouve isso" Feito gente...começa a tocar feito fogo.....aquele riff inicial, aquele vocal nervoso.....me fizeram levar o cd na hora......e a me interessar pela obra de Walter Franco.
Longe dos holofotes da mídia que um dos mais radicais músicos da história da MPB leva a vida e, de tempos em tempos, ressuscita sua mistura de mantra, punk, música erudita de vanguarda e experimentalismo mas sempre "Franco".
Como forma de provocação, inscreveu a música 'Cabeça' no Festival Internacional da Canção de 1972, da Rede Globo. 'Cabeça' tratava-se uma transposição de frases repetidas baseada em vozes sobrepostas e repetições de fragmentos da letra. "O que é que tem nessa cabeça irmão/ O que é que tem nessa cabeça ou não/ O Que é que tem nessa cabeça saiba irmão/ O Que é que tem nessa cabeça saiba ou não".
A apresentação da canção provocou um dos mais inusitados momentos da história dos festivais, pois a platéia vaiou aquela maluquice enquanto os jurados, que incluía pessoas como Roberto Freire, Rogério Duprat e Décio Pignatari não só gostaram daquilo como se inclinaram a dar o primeiro lugar para a música. A ditadura militar que se metia em tudo, ficou sabendo que 'Cabeça' poderia levar o primeiro lugar e destituiu o júri de votação, o que provocou denuncias e escândalo no meio musical.
A polêmica valeu a Walter Franco um contrato com a gravadora Continental, que colocou na praça em 1973 famoso “disco da Mosca” (ou 'Disco Branco' ou ainda 'Ou Não'). Hoje clássico cult, mas foi na época um dos campeões de vaias e devolução de discos , tamanha a repulsa do público aquele emaranhado de frases com um misto de poesia e alucinação que mais tarde influenciaria gente como Arrigo Barnabé, Titãs, Arnaldo Antunes, Pato Fu e Ira!
Talvez por uma questão de markenting ao contrário, a Continental aceitou lançar mais um disco do músico, que chegou nas lojas no final do ano de 75. E que disco... 'Revolver' é a grande obra de Walter Franco e um dos maiores discos já lançados no Brasil em todos os tempos, pois é D.Maria o mundo da voltas...Menos experimental que o anterior e antecipando várias direções tomadas anos depois no universo pop, no que se refere a timbres, texturas e formas de captar instrumentos como a bateria e guitarras em estúdio.
Em 1979 lança o LP Vela Aberta a qual a faixa título tem um certo sucesso mas longes dos holofotes como merece esse grande músico e compositor....(talvez as pessoas achem repetitivas algumas frases nas músicas de Walter Franco....mas bate palma pro rebolation tion tion tion tion tion tion....) O disco ainda traz a música Canalha (que era um puta palavrão na época) que foi regravada pelo Camisa de Vênus em seu lp Duplo Sentido e uma nova versão de "Feito Gente".
Uma das últimas mostras do talento de Walter Franco veio em 2001 com o lançamento do disco Tutano, pela Y Brazil, com produção de Alex Antunes e Constan Papiniano. Faixas como 'Zen', 'Quem Puxa aos Seus Não Degenera' e 'Gema do Novo' são a prova que a criatividade do mestre ainda está intacta.
Uma das últimas mostras do talento de Walter Franco veio em 2001 com o lançamento do disco Tutano, pela Y Brazil, com produção de Alex Antunes e Constan Papiniano. Faixas como 'Zen', 'Quem Puxa aos Seus Não Degenera' e 'Gema do Novo' são a prova que a criatividade do mestre ainda está intacta.
Coração Tranqüilo - Walter Franco (1978)
Canalha - Marcelo Nova e Walter Franco (2000)
Discografia
Ou Não (1973)
Revolver (1975)
Respire Fundo (1978)
Download
Vela Aberta (1979)
Walter Franco (1982)
Tutano (2001)
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